Prometi-me
mil e uma vezes que ia mudar, que ia deixar de ser a mesma pessoa. Desde aquele
fatídico dia que decidi que ser eu não valia a pena e só me traria problemas.
Ia mudar, física e mentalmente.
Fisicamente não correu como eu desejara. Prometera-me
que ia ser mais feminina. Que iria usar roupas mais justas e decotas, mais
saias e vestidos, saltos altos. Iria provocá-lo. Iria fazê-lo ver o que perdera
ao decidir fazer-me o que fizera. No entanto, nada disso aconteceu. Fui-me
abaixo e procurei consolo na única coisa que não faria levantar perguntas sobre
o porquê de um dia mudar. Consolei-me na comida. Graças ao desporto não engordara
tanto, mas engordara. E senti-me ainda mais repugnada com o meu corpo do que
sentia antes de o conhecer.
Mas o ir-me abaixo ajudou-me no outro aspecto que
eu quisera mudar em mim mesma. Não era a mesma mentalmente. Talvez os meus
amigos sentissem as mudanças de maneira diferente dos meus desconhecidos que
queriam tornar-se meus conhecidos. Uni-me mais aos meus amigos e afastei
qualquer tentativa de amizade por parte de outros que não conhecia tão bem.
Agora,
1 ano e meio mais tarde, vejo novamente as mudanças. Fisicamente pode-se dizer
que emagreci, mas continuo a ter a mesma repugnância pelo meu corpo que tinha
no ano passado. Já consigo usar saltos e outras roupas mais femininas, mas
faço-o por mim mesma, não a pensar em vingança perante ele, e continuo a
preferir as minhas roupas normais para puder esconder aquela parte de mim que
se odeia. Mentalmente as coisas mudaram. Mas também se mantiveram. Tive alturas
em que precisei de me afastar de tudo e de todos, mas também tive alturas em
que me precisei de juntar a tudo e todos. Não bloqueio qualquer tentativa de
amizade por desconhecidos, mas meço bem o que digo... E quando as coisas se
tornam mais sérias, tomo a decisão de me afastar por mais doloroso que seja
para mim.
Faço-o
porque preciso dessa distância. Porque um ano e meio depois sei e sinto que,
apesar de tudo, ainda o amo.
Apenas
espero que não seja para sempre.
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