Sexta-feira, o melhor dia da semana. Não só porque é o último dia de aulas, como também porque todas as minhas melhores amigas almoçam comigo. E esta não foi excepção.
Eu, a Lipa e a Kah não almoçavamos na cantina, mas como as outras sim, acompanhamo-las. Na fila da cantina encontrava-se ELE. Rafael Vieira Oliveira, o meu AMOR. Pena que ele não goste de mim, tenha namorada e seja um completo estupido, mas quem escolhe quem amamos? Bem, eu não.
No preciso momento em que nós as três arranjamos mesa, nos sentamos e nos pusemos a conversar, Kah dá um berro baixinho.
_Tih, olha quem está ali sentado. - sussurou-me
_Hm, ngm ? - perguntei, pois apenas via mochilas na mesa a nossa frente. Foi então que reparei. A mochila era a DELE. _ Bolas Kah. Eu disse que deviamos ter sentado na outra mesa.
_Agora deixa tar. Já nos sentamos.-disse Lipa.
Eu pus-me a observá-lo. Ele estava na fila, todo sorridente e com os amigos. O brinco que usava hoje notava-se imenso, e ficava-lhe simplesmente PERFEITO. De repente ele olha para trás e também me observa. Sussura qualquer coisa ao melhor amigo, Ricardo, e volta a olhar para trás. Para ser sincera, o facto de ele e Ricardo serem uns colões ja me começa a irritar, mas eu preciso de me controlar.
Inspirei tres vezes e acalmei-me. Ele saiu da fila e sentou-se mesmo a minha frente. Depois Ricardo, e por fim uma rapariga qualquer e um outro rapaz. Conversavam bastante alto, e eu não pude deixar de escutar. Falavam de um teste qualquer que tinham tido. Depois de um professor qualquer.
As minhas amigas chegaram, mas não lhe liguei muito. O meu ouvido e mente continuava na conversa deles.
_Ó Rafa, já viste quem está atrás de ti? - sussurou Ricardo, mas no entanto eu consegui ouvi-lo.
_Ya. Estas gajas também estão sempre a seguir-me meu. - berrou , ou quase, o Rafa. Parecia até que tinha feito de proposito. De qualquer das maneiras isso tirou-me do sério. Não admitia que andasses a mentir sobre mim ou as minhas amigas. Levantei-me num rápido, deixando cair a minha cadeira ao chão. As minhas amigas olharam para mim e o Ricardo também, mas antes que pudesse avisar o Rafa, eu já tinha chegado a beira dele.
Coloquei a minha mão com força na mesa dele e ele olhou para mim directamente nos olhos pela primeira vez.
_Ouve lá, e q tal parares de inventar cenas ?
Ele não falou, ficou apenas a encarar-me.
_O gato comeu-te a lingua foi? Então não fales, mas vais ouvir-me. Eu aceito na boa que inventes coisas sobre mim, mas não metas as minhas amigas ao barulho. Elas não têm nada a ver com o assunto. Para além disso, eu nao te sigo, apenas dou voltas à escola, VOLTAS ENTENDES? E os caezinhos também ja me irritam. Vais sempre atrás dos outros e os outros atrás de ti. E para de ser COLÃO. Se quiseres tira uma fotografia que dura mais tempo. - não sei como ganhei coragem para dizer aquilo tudo, mas que disse, disse. Voltei-me de costas para ele, e quando me preparava para ir embora sinto um braço a puxar-me.
Ele também se tinha levantado e agarrou-me pelos ombros, encostando-me à parede. Estava mesmo a aleijar-me e eu nem pensei duas vezes. Levantei os meus braços e com toda a minha força levei-os contra os dele, libertando-me e agarrando os deles atrás das costas dele.
_ Eu não sou uma rapariguinha indefesa a quem podes fazer qualquer coisa. Eu sei karaté, logo aconselho-te a não te meteres comigo. - sussurei-lhe ao ouvido. Ele estava com uma expressão de imensa dor, então larguei-o e continuei o caminho para fora da cantina, deixando, tanto as minhas amigas como o grupo deles totalmente espantado.
Dei várias voltas à escola sozinha, com algumas lágrimas a escorrer-me. Quando me reencontrei com elas já tinha conseguido parar de chorar e ja estava de novo toda contente. Elas aplaudiram o meu acto e continuamos a andar e a rirmo-nos de tudo o que se passava.
Decidimos ir para o portão esperar pelas raparigas da nossa turma. Rapidamente nos apercebemos que não tinha sido lá grande ideia, pois ELE estava lá. A primeira coisa que eu fiz foi virar-me de costas para ele, mas sentia os olhos dele colados nas minhas costas e sentia que ferviam de raiva.
_Ele está a vir para a sala. - avisou-me Kah. Olhei para ele e cruzamos olhares. Os meus transmitiam pena, por ele ser assim, e um bocado de tristeza. Os dele completa raiva. Tinha acertado.
Ele parou na porta da sala dele, infelizmente a primeira da escola, logo à beira da porta de entrada. Tocou e eu comecei a andar para a minha. Quando passei por ele só vejo um pé a aparecer de repente. Não tive tempo de raciocionar e ele fez-me uma rasteira. Não podia por as mãos no chão para aparar a minha queda, então gritei e levei as minhas mãos aos meus olhos.
Estava a espera de sentir uma grande dor, mas nada aconteceu. O corredor calou-se todo. Estranhei isso e então abri os olhos. Eu encontrava-me de pé, um centimetro à frente do Rafa. Olhei para ele e para as minhas amigas sem entender nada. Elas sussuraram um depois explico e eu continuei a andar com todos os olhos em cima de mim.
Depois só oiço a Kah a sussurar:
_ Eu bem disse que eras descendente de gatos.
E acordei ...
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